O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, fez críticas à neutralidade do Brasil em relação à invasão da Rússia na Ucrânia durante a entrevista exclusiva para o 'Fantástico' na noite deste domingo (24). 

Zelensky conversou com o presidente Jair Bolsonaro na última terça-feira (19), a entrevista foi gravada no dia seguinte e transmitida neste domingo. O chefe Ucraniano contou como foi a conversa e como reagiu à posição de neutralidade do governo brasileiro. “Não acho que uma pessoa pode ser neutra quando há uma guerra no mundo”, disse ele.

Zelensky então deu exemplo da Segunda Guerra Mundial, no qual muitos líderes foram neutros no início, de acordo com o ucraniano, isso fez com que os nazistas tomassem metade da Europa e pudessem se expandir.

“Não se pode ficar neutro, não se pode dizer ‘serei um mediador’; um mediador de quê? Entre quem? A guerra não é entre a Rússia e a Ucrânia, é a guerra da Rússia contra o povo da Ucrânia”, disse ele.

Ele lembrou que a Rússia capturou uma parte do território ucraniano em 2014, a Crimeia. Essa guerra seria uma segunda onda de tomada de território.

“Esse é o significado de neutralidade, e por isso eu não apoio essa posição. Eu falei isso ao presidente (Bolsonaro)”, afirmou Zelensky.

Zelensky então disse que conta com a população do Brasil. 
“Tenho certeza de que eles apoiam os mesmos valores que nós, não importa a língua que a gente fale, somos um mesmo povo”, afirmou.

Ele recordou que no Brasil há descendentes de ucranianos, ele estimou que sejam cerca de 600 mil, e pediu para que essas pessoas expliquem aos outros brasileiros o que realmente está em jogo.

Zelensky disse que quer o apoio do Brasil, e que reagiria dessa forma se o território brasileiro fosse atacado.

“Se alguém capturar sua terra, matar seu povo, estuprar suas mulheres, torturar suas crianças, como posso dizer que sou neutro?” questionou.

Para o presidente ucraniano, a ideia de neutralidade, permite que Vladimir Putin, da Rússia, pense que não está sozinho, e o intuito da Ucrânia é justamente tentar isolar a Rússia.

Zelensky descreveu a reação de Bolsonaro durante a conversa, dizendo que o presidente do Brasil afirmou que apoia a Ucrânia e sua soberania e a integridade do território do país: "Eu quero acreditar nisso", disse o líder ucraniano.

Então, ele voltou a dizer que a causa da Ucrânia deve ser encampada por todos. “Do contrário, não é civilização, é só cinismo”, disse ele.